A psicologia e o ser: Algo só é porque existe Deus!

Ao ser convidada para compor esta coluna, me senti desafiada pelo fato de a Psicologia ser um tema tão delicado e, se tocado de maneira errada, a compreensão genuína do funcionamento do homem e sua psique pode ser comprometida afastando assim, o homem de Deus.

Vamos iniciar um estudo sobre a Psicologia Cristã e convido você, leitor, a acompanhar cada edição se propondo a refletir sobre os textos e assuntos que serão expostos aqui, pois eles terão uma sequência importante para melhor absorção dos conteúdos.

Antes de falar sobre temas curiosos e importantes da Psicologia, faz-se necessário o entendimento sobre o ser. Como cristã, estudo a Psicologia baseada em abordagens que apontem os entendimentos para Deus. Dessa forma, falarei sobre o ser, a partir do ponto de vista metafísico Aristotélico, que é uma doutrina que busca o conhecimento da essência das coisas, enfatizando a ontologia, filosofia e teologia.

O QUE É O SER?

Vou tentar explicar de forma simples, o que é o ser para a metafísica e a importância de se absorver esse conceito para o nosso autoconhecimento e para que aproximemos nossa existência de Deus.

O ser é a soma de uma MATÉRIA (figura externa que se apresenta) e de uma FORMA (conjunto de possibilidades). Por exemplo: Uma maçã. Sua matéria é a sua figura física, a figura externa, como sua cor avermelhada, seu formato arredondado, etc. Qual é a sua forma? São as suas várias possibilidades de ser. Ela pode ser um alimento, um enfeite em uma mesa na ceia do Natal, um presente de um aluno para uma professora e até um projétil na mão de alguém raivoso que a atira contra um outro alguém.

Vamos aplicar, agora, tais descrições a nós: Minha matéria (estrutura física, características) é o que permite que eu me identifique como um ser humano, certo? Sou bípede, tenho traços comuns a todos os humanos, cabeça, membros, etc. E qual é a minha forma? As nossas formas podem ser iguais? Lembrando que a forma diz respeito às várias possibilidades apresentadas ao ser, podemos entender que a forma é a história que construímos. Uma narrativa do que fomos, somos e o que podemos vir a ser. Isso vai depender, então, do contexto, circunstâncias e fatos em que estamos inseridos. Ou seja, a forma do meu ser apresenta possibilidades distintas do que apresenta para qualquer outra pessoa. Nasci em Belo Horizonte, filha de pais separados, criada por avós, etc. Minhas possibilidades de ser, minha forma, “passeia” dentro dessa história e de tudo que posso ser e fazer dentro dela, considerando fatores físicos, econômicos, psicológicos, emocionais. Mas, por mais que pareça que minha forma se limita às minhas circunstâncias, devemos pensar além.

Por isso me identifico muito com a metafísica, pois ela maravilhosamente explica que: Algo só é, porque antes foi concebido por um ser.

Vamos pensar em um artesão e sua escultura. Ela não existia antes de ele operar sobre ela sua vontade, sua inteligência e seu desejo. Ela só existe porque ele a criou. E, se ele a criou, ela guarda a presença do criador. Ela tem impressões e a identidade desse artífice. Ela está conectada com o seu criador. Ou seja, para a metafísica, Deus é uma necessidade. E, por isso, como cristãos, devemos entender que nossa forma não deve se condicionar apenas a fatores relacionados às necessidades e aos desejos do corpo e da mente.

Estamos em um mundo que nos leva a pensar de forma material e superficial. Vivemos para satisfazer nossas necessidades e desejos prioritários e imediatos, sendo estes exclusivos do corpo e da mente, sobressaindo aos da alma. Por isso, esquecemo-nos de que nossas possibilidades de ser vão além.

Nosso ser e nossa existência são permanentes porque o nosso Criador o é. Se SOMOS é porque, antes, fomos concebidos. E se somos a escultura feita pelas mãos do Senhor, temos Sua identidade eterna. Nossa forma, nossa possibilidade de ser é, então, permanente. Nosso corpo (matéria) acaba, mas nosso ser permanece e ecoa pela eternidade.

Queridos leitores, quero deixar aqui, uma proposta de reflexão mediante o que foi exposto: Responda em uma folha de papel, analisando sua história, quais são os fatores que te limitam a ser, mediante todas as suas possibilidades?

Na próxima matéria, falaremos um pouco de como esses fatores limitadores influenciam em nosso dia a dia e como podem, até mesmo, adoecer o nosso emocional.

Débora Ottoni

Por favor, siga e compartilhe:
error

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *